LEANDRO BARBOSA – 3 poemas
LEANDRO BARBOSA – 3 poemas

LEANDRO BARBOSA – 3 poemas

Revista Navalhista

 

 

Teu nome me salvou em silêncio

 

Quando o mundo pesou mais que o corpo
e a vida feriu onde a palavra não alcançava,
tu estavas lá.
não como quem chega para consertar,
mas como quem fica,
como quem vê o abismo
e, ainda assim, estende a mão.

 

não me perguntaste nada,
mas teu nome —
tão leve e tão teu —
se fez presença nos espaços vazios.

 

e, ao lembrar de ti,
lembrei também de mim:
de que eu ainda existia
e que havia mundo depois da dor.

 

teu nome me salvou em silêncio —
como uma oração feita em pensamento,
como um abraço que não precisa ser ensaiado,
como um amor que não precisa se provar.

 

 

Revista Navalhista

 

 

Memórias – das coisas que não viram a luz do dia

 

Depois que o teu mistério se desfizer

O que será de ti? 

Se tu, que construíste um novo mundo, 

Já não o acreditas mais.

Tu, farás da vida o pó? 

Tornarás amargos os dias passados? 

O que farás com aquilo que se perdeu? 

Com a infância que nunca tiveste? 

Com o tempo que não volta? 

O que será dos teus sonhos sem ti, 

Se eles, sempre tão fiéis, 

Ainda te esperam no escuro? 

Tu, que olhaste o mundo inteiro 

Em um gesto de ternura… 

O que farás com o amor que deixaste para depois? 

O que farás com aquilo que ficou pelo caminho?  

Com as palavras que se perderam, 

Com o sorriso que não deste, 

Com o afeto que jamais viu a luz do dia? 

O que farás com as promessas que não cumpriste? 

Com as manhãs em que não foste presença, 

Com a coragem que chegou tarde? 

O que será de ti, quando o tempo, já exausto, 

Não puder mais te carregar?

 

 

Revista Navalhista

 

 

Poesia Matinal

 

Há um mundo lá fora,

fora de mim,

fora de nós.

 

Um mundo que corre,

que tropeça,

mas não para.

 

E nesse vai e vem,

a vida se desfaz

e se anula um pouco mais

a cada manhã.


Leandro Barbosa Monteiro

Leandro Barbosa Monteiro é poeta, escritor e graduando em História. Natural de Santa Cruz do Capibaribe (PE), encontrou na poesia um modo livre de existir e resistir no mundo. Sua escrita transita entre o íntimo e o social, propondo uma existência sem apaziguamento. Insiste em acreditar na palavra como abrigo e confronto. Participou de antologias e revistas literárias nacionais. Poesia, para ele, é exercício de presença — mesmo diante do que falta.

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