
Teu nome me salvou em silêncio
Quando o mundo pesou mais que o corpo
e a vida feriu onde a palavra não alcançava,
tu estavas lá.
não como quem chega para consertar,
mas como quem fica,
como quem vê o abismo
e, ainda assim, estende a mão.
não me perguntaste nada,
mas teu nome —
tão leve e tão teu —
se fez presença nos espaços vazios.
e, ao lembrar de ti,
lembrei também de mim:
de que eu ainda existia
e que havia mundo depois da dor.
teu nome me salvou em silêncio —
como uma oração feita em pensamento,
como um abraço que não precisa ser ensaiado,
como um amor que não precisa se provar.

Memórias – das coisas que não viram a luz do dia
Depois que o teu mistério se desfizer
O que será de ti?
Se tu, que construíste um novo mundo,
Já não o acreditas mais.
Tu, farás da vida o pó?
Tornarás amargos os dias passados?
O que farás com aquilo que se perdeu?
Com a infância que nunca tiveste?
Com o tempo que não volta?
O que será dos teus sonhos sem ti,
Se eles, sempre tão fiéis,
Ainda te esperam no escuro?
Tu, que olhaste o mundo inteiro
Em um gesto de ternura…
O que farás com o amor que deixaste para depois?
O que farás com aquilo que ficou pelo caminho?
Com as palavras que se perderam,
Com o sorriso que não deste,
Com o afeto que jamais viu a luz do dia?
O que farás com as promessas que não cumpriste?
Com as manhãs em que não foste presença,
Com a coragem que chegou tarde?
O que será de ti, quando o tempo, já exausto,
Não puder mais te carregar?

Poesia Matinal
Há um mundo lá fora,
fora de mim,
fora de nós.
Um mundo que corre,
que tropeça,
mas não para.
E nesse vai e vem,
a vida se desfaz
e se anula um pouco mais
a cada manhã.

Leandro Barbosa Monteiro é poeta, escritor e graduando em História. Natural de Santa Cruz do Capibaribe (PE), encontrou na poesia um modo livre de existir e resistir no mundo. Sua escrita transita entre o íntimo e o social, propondo uma existência sem apaziguamento. Insiste em acreditar na palavra como abrigo e confronto. Participou de antologias e revistas literárias nacionais. Poesia, para ele, é exercício de presença — mesmo diante do que falta.
Merecedor de todo sucesso.