RAPHAEL SOUZA SOARES – 6 poemas
RAPHAEL SOUZA SOARES – 6 poemas

RAPHAEL SOUZA SOARES – 6 poemas

 

 

Prazer efêmero

 

As entrelinhas dos versos

como uma reza

degustada durante as noites solitárias.

 

Amargas almas enraizadas

alimentando a angústia inexplicável.

Sofrimento impalpável e silencioso,

Tânatos à beira da cama, observa-me.

 

Eros, que estais pulsando continuamente,

nossos encontros encaminham-me ao fim. Fazei de mim, enquanto vivo,

movimento do prazer efêmero.

 

 

 

 

Doce abismo

 

Empurrou-me à solidão

um minuto após nosso eterno.

Fiquei em silêncio, respirando abismos,

única forma de não demonstrar decepção.

 

A linguagem do gozo e suas efemeridades,

as palavras deslizavam no meu pescoço,

agora, sussurram minha morte:

“Aproveite enquanto há tempo”.

 

O restante da semana era o de costume:

poemas inacabados,

pensamentos confusos,

planos alterados,

e da morte, recados.

 

 

 

 

Linguagem pulsante

 

Logo cedo, sinto

teu sussurro, meu ouvido,

o arrepio, teu olhar me consome

como se fossemos um.

 

Atravessar teu mar,

mergulhando nos teus contornos, poesia.

Versifica a sílaba tônica

a cada ondular do nosso ato.

 

Abraça-me com tuas pernas,

seguramos-nos pelos cabelos,

o ritmo nos devora,

degustamos o efêmero.

 

 

 

 

Moradia

 

Ilusória sensação de casa,

encontro-me na sua cascata

tateando as paredes, as curvas,

abrindo os lençóis, exaltando a visão.

 

Conduzidos pela movimentação,

destinados ao agora.

Para nós, vida pulsante

Para o mundo, inegociável morte.

 

 

 

 

Desencontro

 

Alugou-me os pensamentos,

sem hora, local ou dor marcados.

Pulsou em minha alma.

Pisou em minha solidão.

 

Trouxe a palavra e o vinho,

arrancou até a última gota.

Desalinhou minhas certezas

em dança com o abismo.

 

O doce arrepio do talvez

sussurrado sem metáforas.

A continuidade deslizava

afundava e navegava.

 

Tornou-se um passeio triste pelas ruas do centro.

 

 

 

 

Dos pequenos pássaros

 

Não perceberam,

mas meu coração ainda batia.

As pessoas passavam,

as dores passavam,

o ônibus passava e eu queria ficar para trás.

 

Não notavam, mas eu ainda estava ali,

nos olhares, memórias e café doce

que aprendi com meus pais.

Não entenderam quando parti

por não me sentir bem,

por sentir cada palavra

e silêncio no ambiente.

 

Hoje me sinto um sujeito sem rosto,

mas meu coração bem-te-vi ainda estava ali,

ainda sem me perceber,

mas observando o mundo.


Raphael Souza Soares

Meu nome é Raphael Souza Soares, tenho 25 anos, formado em Letras – Língua Portuguesa (PUC-GO), cursei Especialização em Estudos Literários e Ensino de Literatura (UFG), e iniciarei o Mestrado em Letras e Linguística (UFG). Busco, desde a graduação, compreender mais acerca da literatura erótica, principalmente nos poemas. Escrever poemas me ajuda a refletir sobre minhas pesquisas e as possibilidades das movimentações do erotismo.

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